Nelson Freire levou uma década para organizar o repertório de Brasileiro. Mexeu, remexeu, escolheu algumas peças, trocou por outras até resolver fechar a lista e entrar em estúdio. Ocorreu em fevereiro último e o resultado chegou às lojas este mês. É uma verdadeira joia o Brasileiro do pianista de Boa Esperança. E um indicativo de uma pequena e sutil virada na carreira.
Em abril último, de passagem por São Paulo para um concerto com a Orquestra Nacional Russa, Freire declarou estar cansado de tocar sempre o repertório romântico. Brincou, dizendo que nem ele nem o público aguentam mais ouvi-lo dedilhar Chopin e Brahms. A primeira parte pode até ser verdade. Já a segunda é duvidosa: basta ter o nome do pianista no programa e os ingressos esgotam. Mas o fato é que ele cansou ; a ponto de recusar um convite para gravar a integral dos concertos de Beethoven com a Gewandhaus de Leipzig, comandada por Ricardo Chailly ; e voltou os olhos para o Brasil.
