Um temporário desfalque na conta da funcionária pública Tatianne da Silva quase foi, literalmente, caso de polícia. Cabo da PM, o cineasta Fáuston da Silva, aos 32 anos, pela dedicação ao cinema é capaz de muito. Para recauchutar o orçamento do curta Meu amigo Nietzsche (em parte, pago por edital do MinC), ele optou pelo “empréstimo” na conta da esposa. Viu o risco recompensado: quatro importantes prêmios, na Mostra Brasília do 45º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, somaram R$ 52 mil.
No lucro — e com dois futuros filmes engatilhados —, Fáuston parece realimentar a gênese abnegada da fita: “No Natal, há quase dois anos, a minha esposa me perguntou o que queria ganhar de presente. Eu disse: ‘Não precisa gastar nada: me dá um argumento pra cinema que já vai ser bem legal’”. Ganhou a ideia para Meu amigo Nietzsche.
Em cinco anos de realização, Fáuston — “nome de origem maranhense”, diverte-se — ainda não sabe “conceituar o cinema” que faz. Das investidas juvenis pela stop-motion aplicada à animação de bonecos, com câmeras caseiras, até a criação de uma obra como O revés (que, com 7 mil cópias de DVDs negociadas, chegará a todas as escolas públicas do DF), Fáuston tem noção do caminho tortuoso. Nas idas à Universidade de Brasília, em que se formou em audiovisual, o transporte calibrava a pegada “punk”, em duas horas de percurso. “Enfrentava todos os engarrafamentos, passando pela Guariroba, pelo P-Sul e pela Estrutural, e o ônibus pegava Ceilândia inteira, antes de chegar à UnB”, relembra.
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