postado em 14/10/2012 08:00
Desde criança, Vanderlei Costa implode as próprias verdades, gosta de criar mundos para si. Em Patos de Minas, cidade mineira onde nasceu e cresceu, fantasiava carnavais dentro da imaginação, inventava árvores que se transformavam em prédios, arbustos que se transmutavam em catedrais góticas. ;Todo artista é menino;, define. A meninice de Vanderlei, hoje com 35 anos, não passou: foi tornando sua verve artística mais ácida e múltipla nas linguagens. Performer, ator, poeta, desenhista, fotógrafo e figurinista, ele, com frequência, funciona como galeria de sua própria arte. Seu corpo é um dos instrumentos mais constantes na exposição de suas invenções.
Quem vê a figura platinada, esguia e cheia de balangandãs no circuito cultural brasiliense não imagina o quanto fervilha essa cabeça, com frequência enfeitada por turbantes e chapéus. Trajes e acessórios que ele confecciona usando materiais diversos, como cartões-postais e papel machê. Pinturas e aplicações pelo corpo (no dia da entrevista, Vanderlei surgiu com olho de dálmata e fita isolante preta) já lhe renderam assédios de estilistas da cidade. As ousadias estéticas o botaram na mira das passarelas. De vez em quando, faz o catwalk (desfile) para alguns nomes da moda local.
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Ganhando visibilidade com suas performances em espaços públicos, ele atualmente marca presença em um sarau por semana. ;Não me enquadro em nenhuma categoria, me considero artista. Se quiser desenhar, desenho. Se for o caso, escrevo uma música;. No blog que mantém, o subsoloamarelo. blogspot.com.br, divulga suas criações, que incluem registros de suas interações com o público e videopoemas. Obras que fluem em plataformas artísticas alternadas, com naturalidade. ;Música, desenho e escrita são matemática. Há uma parte criativa no trabalho, mas a hora do ajuste é racional;, afirma. A motivação que permeia tudo que faz, revela, é despertar o inconformismo do outro.