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Diversão e Arte

Antony Gormley vai expor suas esculturas espalhadas por Brasília



Confira a entrevista com Antony Gormley

O artista britânico Antony Gormley, 62 anos, faz do próprio corpo o molde para esculturas que cria na intenção de refletir sobre a presença humana no mundo. O artista faz moldes de gesso do próprio corpo para poder fundir as peças em aço. Gormley vai expor em Brasília a partir de 23 de outubro.

Como se sente quando está dentro do molde de gesso? Como isso é importante no processo de criação e como isso está ligado à claustrofobia que o atormentava na infância?

A razão pela qual uso meu corpo é simplesmente porque tenho que ficar parado dentro de um material e me parece desnecessário usar outro corpo se já tenho o meu. Assim posso sentir como é ao invés de ficar só com uma visão superficial e aparente do que significa ficar dentro do material. Estou interessado em explorar o que é o espaço humano no espaço. E só posso fazer isso na posição de estar embalado. Tento fazer com que as pessoas entendam o que é o espaço que experimentamos quando fechamos nossos olhos: experimentamos, de certa forma, o infinito e a desmaterialização. Exercitamos isso quando temos que, de certa forma, escapar do mundo da aparência. Para mim, é o momento de escapar da dominância da forma objeto e da aparência. Ser moldado é uma maneira de ir voluntariamente para um espaço de inação. E é disso que meu trabalho é feito. Sofri muito de claustrofobia quando era criança e tive que superar. Costumava ir para minha cama, no escuro, e empurrar meus pés no topo da cama e ficar lá lutando contra a náusea e contra a ideia de estar imprensado no escuro. Por isso comecei a ficar cada vez mais interessado no espaço psicológico do infinito acessível apenas quando se abstrai o corpo completamente. E espero que Four times reflita isso.



Exposição de Antony Gormley. Abertura 23 de outubro, às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Visitação até 6 de janeiro, das 9h às 21h.