Milton Nascimento é o autor da trilha sonora do povo brasileiro nas últimas cinco décadas. De seu cancioneiro, surgiram não apenas músicas marcantes, mas hinos essenciais. Ao se pensar em amizade, por exemplo, como não recorrer a Canção da América? E o reflexo da guerreira Maria, Maria que se esconde em cada mulher? Milton exalta a negritude, canta o homem trabalhador, sonda a solidão e a morte, o credo e a repressão. Coração de estudante é um emblema da abertura política ocorrida no país nos anos 1980. Trens de ferro, bicas nos quintais e oratórios fazem parte dos infindos passeios do menino deslumbrado pelos sons de sua Minas Gerais, da África e da América Latina. No dia em que ele completa 70 anos ; mesmo ano em que comemora meio século de trajetória artística ;, voltar-se para sua obra, de mais 400 canções, é perceber que existe um pouco dele em cada um de seus admiradores.
Milton fez algumas de suas músicas sozinho. Contudo, encontrou em nomes como Fernando Brant, Márcio Borges e Ronaldo Bastos ; para citar os mais constantes ; os parceiros ideais, aqueles que conseguiam traduzir em palavras os múltiplos sentimentos que suas melodias insinuavam. ;Essas canções contam também as histórias da minha vida e as da dele. Nos fez colocar o pé na profissão e nos tornaram as pessoas que somos hoje;, analisa o amigo Márcio Borges, coautor de Vera cruz e Clube da esquina 1 e 2. ;Foram músicas feitas por amigos, sem pensar no retorno, mas que acabaram batendo no coração dos brasileiros;, reforça Brant, que escreveu os versos de San Vicente e Maria, Maria.
Ouça abaixo a música Nada será como antes de Milton Nascimento
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