Diversão e Arte

Banksy utiliza o grafite como meio de resistência política e cultural

postado em 31/10/2012 08:17

A ordem é intervir. Quem comanda a intervenção é Banksy, de quem pouco se sabe, quase nada se conhece. As suposições são infindáveis. O controverso líder talvez não passe de um jato de tinta. De spray, para sermos mais fidedignos. Reza a lenda que o polêmico grafiteiro sequer existe. As teorias sobre a identidade e paradeiro são tão criativas e fantasiosas quanto o próprio objeto de imaginação. Há quem clame se tratar de um coletivo artístico, outros creem que não passa de um reprimido e perturbado gênio. Seja como for, a assinatura de Banksy está impressa por todo o mundo, literalmente. Dos muros de Londres às paredes palestinas. Manifestos em estêncils.

Arte urbana. O conceito difundido e ampliado pelo americano Basquiat é definição precoce e irrisória para a proposta de Banksy. Policiais se beijando, Mona Lisas terroristas, ratos, muitos ratos. O traço é subversivo. ;Ele faz uso de um contexto de intrigas políticas e sociais para questionar o sistema. Provocar quem vê;, argumenta o grafiteiro Guga Baygon, conhecido pelos trabalhos em Brasília. Baygon, que aplica uma vertente diferente do grafite, reconhece a influência de Banksy ;não no estilo, mas na ideologia;. Segundo o artista, que mora na capital desde 2005, Brasília ainda deixa muito a desejar no quesito intervenção: ;Temos todos os elementos. Mas, as regras mantêm os cantos livres e impedem a expressão;.A arte do estêncil

Para quem aprecia grafite, throw-up, sticker e tag, são nomes tão ordinários quanto "pintura a óleo" ou "aquarela". Banksy recorre, mais insistentemente, ao estêncil, o que consiste no uso de figuras móveis(recortadas de uma cartolina, por exemplo) e posicionadas sobre as superfícies fixas a serem grafitadas. A emissão do spray sobre os moldes gera os desenhos propostos. Uma das vantagens é a rápida execução e a multiplicação exata do mesmo resultado. Atributos essenciais àqueles que procuram estampar a arte em locais ilícitos, como o próprio Banksy.

Exit through the gift shop

O rosto perdido num emaranhado de capuz e sombras respondeu por um dos filmes mais curiosos ; senão arriscados ; dos últimos anos. Exit through the gift shop, dirigido por Bansky, é um documentário que passeia pelas ruas de Los Angeles acompanhando as invencionices do francês Thierry Guetta. Da posição de cineasta fracassado, Guetta subitamente passa a tentar a sorte nas ruas, como um artista underground. Bansky, tanto um rebelde quanto um pensador interessado em discutir problemas estéticos, levanta uma série de questões com um misto de ironia, bom humor e crítica de arte. Qual o verdadeiro valor da arte contemporânea? Ou ainda: é legítimo calcular o valor da arte em cifras e números? Nem ele ousa responder. O filme chegou a ser acusado de mentiroso e falso. Bansky negou. A ousadia rendeu indicação ao Oscar em 2011. (Felipe Moraes)

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