Quase 60 anos de lacuna na eleição presidencial; lutas, em fins dos anos 1970, pelo estabelecimento do grupo sindical Solidariedade; décadas de comando comunista (abandonado em 1989) e palco, após invadida pelos alemães, do desencadeamento da Segunda Guerra. Com todo este histórico, impossível esperar uma produção audiovisual descompromissada. Mas, o cinema polonês contemporâneo ; a partir de recentes leis que estimularam a multiplicação de visões na sétima arte ;, pelo retrato captado no 4; festival dedicado à cinematografia em questão (com mostra, gratuita, no CCBB), extrapolou em temática e ainda na perfeição do acabamento técnico.
Imagens primorosas integram, por sinal, ao menos duas produções da leva: O moinho e a cruz (programado para quinta-feira) e Essential killing (atração de sexta). Ambos, por sinal, levam direção de fotografia assinada por Adam Sikora. O primeiro enfoca Flandres do século 16, mesclando a feitura da obra A procissão para o calvário, de Pieter Brueguel, o Velho, com as intenções do cineasta e performer Lech Majewski. Grande prêmio do Festival de Luxemburgo, o filme é tomado por astros como Michel York, Charlotte Rampling e Rugter Hauer em papéis que remetem a Judas e a Virgem Maria, em meio a conflitos com tropas espanholas.