Diversão e Arte

Tecnologia não vai modificar a literatura, diz presidenta da ABL

postado em 09/11/2012 19:07
Rio de Janeiro ; A internet e os novos dispositivos eletrônicos de leitura não vão mudar a essência da literatura. A avaliação é da presidenta da Academia Brasileira de Letras (ABL), Ana Maria Machado. Ela participou nesta sexta-feira (9/11) da Festa Literária Internacional das Unidades de Polícia Pacificadora (Flupp), que será realizada até domingo (11/11) na comunidade do Morro dos Prazeres, em Santa Teresa. Ana Maria conversou com um grupo de crianças e adolescentes de escolas públicas do Rio e respondeu a perguntas da plateia.

;A tecnologia não vai modificar a literatura. Pode mudar o mercado de livros. Mas a literatura é a mesma desde que existe a linguagem. Muito antes de existir a escrita, já existia Homero, com a Odisseia e com a Ilíada. A literatura já foi escrita em papiro, em pergaminho, em rolo, em tablita [tabletes de argila]. O que muda é o suporte dela, se é uma tela [de computador] ou se é um livro, isso é secundário.;

Autora de 140 livros, com cerca de 19 milhões de exemplares vendidos, traduzidos para diversas línguas, a presidenta da ABL disse que ainda não disponibilizou nenhuma obra em formato eletrônico. ;Enquanto não se descobrir como remunerar o direito autoral, fica só a pirataria;.


Sobre a presença da ABL na Flupp, realizada em uma área onde antes da pacificação das UPPs aparecia quase diariamente na imprensa por causa de tiroteios envolvendo o tráfico de drogas, Ana Maria disse que a academia tem uma ligação histórica com as favelas.

;A gente tem que lembrar que o fundador da academia, Machado de Assis, nasceu no Morro da Providência, a primeira favela do Brasil. Nossa presença aqui é uma volta ao lugar de onde nunca deveríamos ter saído. Não devíamos ser uma cidade partida. Devemos todos estar juntos, na grande síntese cultural brasileira.;

Uma das perguntas feitas pelos estudantes à autora foi sobre qual era o prazer de sua profissão. ;O prazer de ser escritora é poder tocar o outro. Poder chegar à mente, ao coração de outras pessoas. Falar em nome dos outros. Fazer com que o outro se reencontre na gente e que cada um se conheça mais pelo o que a gente escreveu.;

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