Moacyr Scliar não foi só o autor de obras-primas da literatura brasileira, como O centauro no jardim (1980) e A mulher que escreveu a Bíblia (1999). O médico gaúcho, morto em março de 2011, aos 73 anos, escreveu muito em quantidade: cerca de sete dezenas de livros, entre conto, romance, ensaio e títulos infantojuvenis. Aliás, falta um gênero nesta lista: a crônica, estilo que desenvolveu desde que começou a elaborar suas narrativas, no início dos anos 1970, e que foi interrompido pouco antes de morrer, nas primeiras semanas do ano passado. Em A poesia das coisas simples (Companhia das Letras), Regina Zilberman, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foi em busca do Scliar talvez mais conhecido dos brasileiros. Aquele que escrevia regularmente em jornal ; no caso, o Zero Hora ;, falando de família, rascunhando resenhas de livros, comentando sobre política e contando histórias curtas. Para isso, ela teve de selecionar 82 textos de um catálogo imenso ; mais de 4 mil.
;Abriu uma terceira linha de trabalho para ele, uma nova trincheira. Efetivamente, esse espaço foi de comunicação direta com o público;, diz a pesquisadora. Scliar já tinha dois livros com sua assinatura ; O carnaval dos animais (1968), de contos, e o romance A guerra do Bom Fim (1972) ;, quando estreou na crônica. Antes do lançamento da Cia das Letras, haviam saído outros três volumes do gênero com escritos de Scliar: Contos e crônicas para ler na escola (Objetiva), levantamento de Zilberman publicado ano passado; e duas edições prensadas pela Global, O imaginário cotidiano (2002) e um título da coleção Melhores crônicas (2004).