Severino Francisco
postado em 16/11/2012 07:00
Por mais que se achassem inteligentes, críticos e racionais, os filósofos não ficaram imunes àquele sentimento que, segundo o poeta Dante Alighieri, move o sol e as outras estrelas. Essa história pouco idílica e nada exemplar é evocada por Andrew Shaffer em Os grandes filósofos que fracassaram no amor (Editora Leya). O tema e os personagens são muito interessantes e convidativos: Sócrates, Platão, Aristóteles, Sêneca, São Tomás de Aquino, René Descartes, Jean-Jacques Rosseau, Nietzsche, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir, entre outros.
Com sua filosofia a marteladas e sua acuidade crítica, Nietzsche havia observado que as ideias dos filósofos não eram nada abstratas e desinteressadas; as ideias são meros sintomas da felicidade, da infelicidade e da força de um corpo. Toda filosofia seria, em suma, uma fisiologia. As suas relações com o amor e com as mulheres não foram nada idílicas. A primeira paixão fulminante ocorreu aos 32 anos e foi repelida por Mat Hilde Trampedach, apaixonada por outro homem. A russa Lou von Salomé se sentiu atraída pela filosofia libertária de Nietzsche, mas não pelo Nietzsche humano, demasiado humano, em carne e osso. A musa preferiu ficar com o poeta Rainer Maria Rilke.