;Para mim, é a mesma coisa que os filhos: a gente tem que ter carinho. Eu trato bem delas para elas tratarem de mim.; Guardados os exageros da fala de um interiorano produtor de queijos, ao comentar o apreço pelas vacas (todas com nome de batismo) no documentário O mineiro e queijo, o discurso projeta o tom de simplicidade de muitas pessoas e vozes que compõem a fita conduzida por Helvécio Ratton. Indispostos a descansarem ;em cima das botinas;, quando o assunto é lida brava dentro da dinâmica das fazendas, os entrevistados esmiuçam, no recém-lançado DVD, todas as etapas da feitura dos mais artesanais queijos, criados a partir dos processos de coagulação, prensagem, salga, maturação (capaz de definir sabor e qualidade) e rala de peças de ampla aceitação em feiras.
Para se ter ideia do montante de labuta descrito, é importante saber que 80 toneladas de queijo são vendidas por mês no Mercado Municipal de Belo Horizonte. Curiosamente, da produção nacional, difundida a partir do século 18, e herdada por saberes portugueses da Serra da Estrela, o documentário consegue colocar na berlinda um tema polêmico: um descompasso entre legislações federais e estaduais impede a livre circulação de um alimento artesanal, como o queijo do Serro, tornado patrimônio cultural do Brasil em 2002.