Artista de primeira grandeza, Dulcina de Moraes promoveu uma revolução no universo cênico do país, a ponto de ser apontada por Fernanda Montenegro como a mais importante personalidade do teatro brasileiro do século 20. Quando já havia sido alçada ao posto de diva, transferiu seu império para Brasília na década de 1970, trazendo para cá a primeira instituição de ensino superior de teatro do Brasil. O legado, no entanto, agora agoniza diante dos olhos tristes da cidade. Afundada em dívidas, a Fundação de Teatro Brasileiro (FTB), que mantém a Faculdade de Artes Dulcina de Moraes, corre o risco, mais uma vez, de encerrar as atividades. A situação se agrava quando se coloca em questão o estado físico do patrimônio: o Teatro Dulcina, projetado por Oscar Niemeyer, e a Sala Conchita de Moraes, em estado degradante, estão fora do circuito de pautas da cidade. Além disso, o acervo pessoal da Companhia Dulcina-Odilon, uma joia incalculável, está ameaçado de deterioração.
Hoje, há menos alunos e professores dedicados ao espaço. Já faz um ano que a faculdade não realiza um vestibular. Nomes de peso da dramaturgia e dos palcos de Brasília foram, pouco a pouco, desligando-se (ou sendo desligados) do projeto. As instalações se deterioram a cada dia. Remontar essa sucessão de equívocos que culminaram com a morte anunciada da instituição não é fácil.