Diversão e Arte

Décio Pignatari aproximou a poesia da música e fundou movimento concretista

Nahima Maciel
postado em 04/12/2012 07:00
Décio Pignatari, morto no domingo, aos 85 anos, foi um dos mentores intelectuais do concretismo: ecos até os dias de hoje

O manifesto assinado por Décio Pignatari e pelos irmãos Haroldo e Augusto de Campos em 1958 é claro: poesia concreta transforma palavras em coisas, intervém no tempo, por isso, está bem próxima das artes visuais e da música. Visa, diz ainda o texto, o ;mínimo múltiplo comum da linguagem; e o poema é capaz de se comunicar ;por sua própria estrutura;. Com essas ideias, Pignatari seguiu o caminho literário encerrado, com sua morte, aos 85 anos, na manhã de domingo. O poeta estava internado no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (USP) e morreu em consequência de uma insuficiência respiratória causada por pneumonia. Ele também era portador do mal de Alzheimer e estava internado desde sexta-feira. O enterro foi ontem ao som de Peixe vivo.

Autor de poemas visuais como Beba coca cola e pêndulo, Pignatari fundou o movimento concreto ao lado dos irmãos Campos, com os quais criou, em 1950, a revista Noigrandes, espaço mais importante na difusão das ideias sobre a poesia visual e rítmica. No mesmo ano, Pignatari lançou Carrossel, seu primeiro livro de poemas. A arte do paulista de Jundiaí estava mais próxima da visualidade do que da literatura e sintetizava as ideias defendidas pelos concretistas. Quando lançaram o manifesto Plano-Piloto para a poesia concreta, os Campos e Pignatari praticavam a transformação de palavra em coisas há pelo menos oito anos.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação