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Aerosmith lança disco com 15 novas canções e tenta agradar fãs

postado em 07/12/2012 13:42

Music from another dimension é um sugestivo título para o 15; disco do Aerosmith. Mas, assim que você começa a escutá-lo, percebe facilmente que o álbum tem dois lados (ou dimensões) distintos: o Aerosmith da década de 1970 e o Aerosmith da década de 1990.

Ultimamente, o veterano quinteto esteve nas manchetes em virtude de conflitos internos, principalmente entre o vocalista Steven Tyler e o guitarrista Joe Perry. Nada de novo no palco: esse choque de egos já havia ocorrido há 30 anos. Perry deixou a banda no início da década de 1980, época em que o Aerosmith já era grande. Seu terceiro álbum, Toys in the attic (1975), fez muito sucesso nos Estados Unidos, trazendo os hits Sweet emotion e Walk this way. Fama, aliás, conquistada a partir do LP Rocks, onde estão os clássicos Back in the saddle e Lost child.

No fim da década de 1980, o Aerosmith surpreendeu com o bom Permanent vacation (1987) e o ótimo Pump (1989) ; o álbum que pavimentou a vitoriosa trajetória comercial do grupo. Baladas e grandes canções, como Love in an elevator e Janie;s got a gun, ampliaram o público da banda. Quatro anos depois veio o ápice com a pérola Get a grip e a sucessão de hits pop (Crying, Livin; on the edge e Crazy). Em 1997, apostando na mesma fórmula, a banda lançou o bom ; e subestimado ; Nine lives.



A receita começou a se desgastar em 2001, com Just push play, embora esse disco apresente bons momentos (Jaded e Fly away from here). Em 2004, veio o álbum só de covers de blues: Honkin; a bobo. Daí em diante, os rapazes perderam o foco: a música ficou em segundo plano em meio a brigas públicas e a projetos pessoais de Tyler e Perry.

Recesso

Depois de 11 anos sem gravar repertório autoral, finalmente a banda lança um disco com 15 novas canções. Music from another dimension traz Out go the lights ; sua melhor música nas últimas duas décadas, com riff de guitarra irresistível de Joe Perry ; e On yeah, que poderia ser uma faixa perdida dos Rolling Stones 1969/1974, daquela fase blueseira com Mick Taylor. Também merecem registro as boas Luv XXX (com backing vocals de Julian Lennon, o primogênito de John) e Beautiful, com seu início arrasador. Ecos da fase setentista estão presentes em Street Jesus, Closer, Lover alot e no primeiro single, Legendary child, que remete ;perigosamente; a Walk this way.

O novo disco explicita o contraste dessa velha e boa veia roqueira com o ;outro; Aerosmith, que conquistou o planeta há duas décadas com sua aposta radiofônica e baladeira. Ouve-se uma banda perdida e insegura, sem saber se desnuda demais a veia pop ou se intensifica o resgate de seu passado hard rock. Can;t stop loving you (com participação da cantora country Carrie Underwood, oriunda do American idol), Tell me e We all fall down envergonham qualquer roqueiro cabeludo. Entretanto, são boas músicas. E devem tocar à exaustão nas rádios, lojas de conveniência ou supermercados. Mas Another last goodbye, que encerra o álbum, é de constranger qualquer fã. Steven Tyler parece Mariah Carey ou Christina Aguilera cantando baladas intermináveis e bocejantes. No primeiro minuto, a canção até impressiona, mas logo começa a aborrecer.

Music another dimension pode ser aprovado ; com ressalvas ;, embora soe confuso e à deriva: um ;marinheiro; puxa o timão para um lado, outro joga a âncora e o terceiro sobe as velas. Aerosmith demonstra a vontade de retomar o posto de grande banda norte-americana. O próprio grupo deixou vago esse lugar, mas ainda não descobriu a receita para retomá-lo. Enquanto isso, ao oferecer rock e pop, joga espertamente com o fã da era MP3. Basta o freguês escolher seu próprio cardápio.

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