postado em 13/12/2012 12:03
Rio de Janeiro - Quando chegou ao Rio de Janeiro, em 1939, Luiz Gonzaga começou a ganhar a vida tocando no bar Espanhol, na zona do baixo meretrício do Mangue, um repertório de foxtrotes, valsas, tangos e boleros, muito distante de suas raízes nordestinas. Eram os sucessos da época, consequência da invasão de música estrangeira no Brasil, em plena 2; Guerra Mundial.Certa noite, no bar da zona do Mangue, atendendo ao pedido de um grupo de estudantes cearenses, ele tocou músicas nordestinas: Pé de Serra, que mais tarde seria gravada com o título de Xamego, e Vira e Mexe. O sucesso foi grande e, logo depois, ele chegaria ao rádio, participando do programa de calouros de Ary Barroso.
Em 1941, gravou seu primeiro disco 78 RPM, Vira e Mexe, que ele definiu como ;choro nordestino;. Somente como solista de sanfona, Gonzaga gravou cerca de 70 músicas, durante quatro anos consecutivos.
Quatro anos depois, em 1945, ele começa a parceria com Humberto Teixeira (1916-1979), poeta e compositor cearense. O encontro foi fundamental para o lançamento do músico como cantor, o que lhe daria popularidade nacional, sobretudo a partir da gravação de Asa Branca, em 1947.
Gonzaga e Humberto Teixeira chegaram à conclusão de que entre todos os ritmos do Nordeste, o baião, ainda desconhecido no Rio, seria o mais adaptável à cultura urbana que tinha, no Rio de Janeiro, a grande caixa de ressonância nacional.
Contemporâneo de Luiz Gonzaga na Rádio Nacional, o veterano radioator e apresentador Gerdal dos Santos até hoje integra os quadros da emissora. Ele foi testemunha dos primeiros anos de Gonzaga em rádio.
;O seu início foi na Rádio Clube do Brasil, no programa de Renato Murce, e depois foi para a Rádio Tamoio, que lhe ofereceu um cachê maior;, conta. Quando foi para a Nacional, Luiz Gonzaga reencontrou Renato Murce, que apresentava o programa Alma do Sertão. ;E foi devido ao alcance que a Nacional tinha em todo o país que se deu a sua grande projeção;.
Gerdal recorda que ficou impressionado com a seriedade com o que o sanfoneiro encarava o trabalho na rádio. ;Ele era uma pessoa muito caprichosa e muito profissional. Eu tive oportunidade de ver quando ele ia para o estúdio. Gonzaga ficava ensaiando as músicas o dia inteiro, diferentemente de todos os outros que atuavam conosco naquela época;, lembra.