O rei do baião foi um grande marqueteiro, muito antes que a expressão se tornasse comum no país. Ao longo da carreira, o rei fez muitas viagens pela estrada parando em cada cidadezinha para se apresentar. Nesse momentos, ele aproveitava para presentear donos de restaurante e prefeitos com seus discos, como uma forma de divulgar seu trabalho, lembra o maestro Marcos Farias, afilhado de batismo de Luiz Gonzaga.
Gonzagão também teve a preocupação de procurar parceiros de classe socioeconômica mais elevada para que seu trabalho, que já atingia o povo, chegasse também à classe A. ; Ele começou a buscar parceiros para compor, daí encontrou Humberto Teixeira, que era poeta, veio Zé Dantas, que era médico;.
O maestro conta que Gonzaga ;era doido pra entrar na sociedade;, e foi com essas parcerias e também com Carmélia Alves que ele conseguiu conquistar o público da classe A. ;Trazendo uma socialite pra o envolvimento na música nordestina ele já ganhava a sociedade. Aí eram as madames querendo aprender a dançar xaxado, baião;.
Farias conta que seu padrinho dizia que o artista tem que ser artista 24 horas e ser exemplo. ;Ele era exatamente o que cantava e o que aparentava, era verdadeiro; diz. O maestro relata que Gonzaga era um batalhador, acordava cedo, era pontual com os compromissos, mas que apesar de tudo não ficou rico. ;Comparando com os artistas de hoje, Gonzaga era pobre e morreu pobre; diz Marcos.
Outra sacada importante para a carreira de Gonzaga foi a sua indumentária. ;Ele era um cara que fazia um marketing muito bem feito. Imagina na década de 40 e 50 uma pessoa no Rio de Janeiro aparecer com chapéu de couro, roupa de couro. Ele sabia que ia ter um impacto muito grande;, conta..
;Outros escritores já disseram isso e eu concordo: Gonzaga é o nosso Don Quixote de La Mancha, sua roupa e seu chapéu de couro eram sua armadura, a sanfona era sua espada e sua voz era seu grande sonho; se orgulha o maestro de seu padrinho.
Luiz Gonzaga acreditou muito nos artistas nordestinos. Ele presenteava artistas iniciantes com acordeons para que pudessem fazer um trabalho melhor. ;Ele trazia pessoas pra trabalhar com ele, era muito generoso;. Segundo Farias, seu padrinho acreditava nas pessoas, ;encontrava talentos de diversas formas e trazia pra perto dele, ajudava, encaminhava ;.
Marcos Farias lembra que, com a idade, a osteoporose foi debilitando Gonzaga e ele já não dominava as técnicas como antes. O corpo já doía muito e ele foi convocando gente para tocar com ele. ;Com isso apareceu muita gente nova, muita gente boa;.
Confira a homenagem da TV Brasília
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