Marcelo Yuka recebeu de Waly Salomão o conselho de prestar bem atenção nas ;setas; que o mundo dá, e que só os mais sensíveis enxergam. O músico carioca levou a recomendação do amigo poeta a sério. Em 2000, contudo, a procura pelos tais indícios sofreu um leve baque, quando Yuka levou nove tiros em um assalto, no Rio de Janeiro, e ficou paraplégico. Mesmo tendo uma cadeira de rodas como companhia constante, ele não desistiu de sua busca pelas setas ; e encontrou outros meios e recursos para continuar a persegui-las.
;Quando penso no passado, parece coincidência a forma como a vida me dizia o que ia acontecer;, conta Yuka ao Correio. ;Hoje, me tornei muito mais intuitivo. Na cadeira de rodas, aprendi a usar o amor como tecnologia e sabedoria.; O músico tem a vida esmiuçada no documentário Marcelo Yuka no caminho das setas, dirigido por Daniela Broitman, em cartaz no Rio de Janeiro (e sem previsão de estreia em Brasília). O filme penetra no dia a dia do artista, hoje com 46 anos, e flagra vários Marcelos em momentos de intimidade na última década: o músico, o ex-baterista do Rappa, o ativista político, o cadeirante, o filho.