Em termos históricos, 15 anos fazem toda a diferença. O mérito imediato da obra História da caricatura brasileira é antecipar a aparição da primeira caricatura publicada no Brasil. Antes, o feito era atribuído ao desenho A campanhia e o cujo, de 1837. Eis que o historiador Luciano Magno (pseudônimo de Lucio Muruci) descobriu uma manifestação anterior, de 1822, publicada pelo periódico pernambucano O maribondo. A revelação inédita é um convite inicial para enveredar pelas 580 páginas do primeiro volume, que conta com mais de 700 imagens e 90 capítulos. Nos próximos três anos, os demais volumes (em um total de sete) formarão a mais completa pesquisa histórica sobre o tema.
Apesar do equívoco da data, somente agora percebido, o primeiro caricaturista brasileiro continua sendo Manoel de Araújo Porto-Alegre, responsável por mais de 70 desenhos publicados e editor do jornal A lanterna mágica (1844), primeiro especializado na arte. O reconhecimento da contribuição de Araújo é ponto pacífico entre os pesquisadores. O próprio autor, ao decorrer sobre o artista no livro, afirma: ;Manoel de Araújo Porto-Alegre foi tão importante para a caricatura no Brasil, como para a história da caricatura universal;. O artista pioneiro brasileiro, conhecido pela eficiente produtividade, aparece nas principais listas dos grandes nomes mundiais do desenho, como na galeria do site Cartoon Virtual Museum, uma das mais renomadas referências entre os estudiosos.