Para os atores e bailarinos brasileiros Artur Ribeiro e André Curti, o dia é sempre curto para a quantidade de projetos que eles precisam tocar simultaneamente. No próximo ano, celebram 15 anos à frente da companhia que criaram em Paris, a Dos à Deux, e encaram quatro empreitadas cênicas ao mesmo tempo. Radicados há 20 anos na Cidade Luz, começaram por lá a carreira nos palcos, mas nunca deixaram de manter vínculos com o Brasil. Entre temporadas francesas e turnês mundo afora, eles arrumam um jeitinho de desembarcar por aqui com suas criações, calcadas num teatro do gesto e da exuberância visual, quase sem palavras. ;Separamos dois meses por ano para vir ao Brasil, mesmo sem ter contrato assinado;, relata Ribeiro.
Brasília já se acostumou a receber as montagens poéticas e sensoriais da companhia, que começou com a dupla e já arrebanhou 17 funcionários, entre atores e equipe técnica, na Europa (e hoje conta com um estúdio de ensaios, em Paris). Ganhador do prêmio Shell 2011 na categoria especial, pela singular linguagem corporal, Fragmentos do Desejo foi calorosamente acolhido por aqui em novembro de 2010, quando encenado no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Em dezembro passado, seria a vez de Ausência, monólogo apocalíptico interpretado pelo ator convidado Luis Melo. ;Depois de um tempo, surgiu a vontade de dirigir e, não necessariamente, estar em cena. Queríamos ter esse olhar exterior;, destaca o ator, que afirma equacionar bem o vaivém entre atuar e dirigir os espetáculos que cria em parceria com Curti.