Agência France-Presse
postado em 04/01/2013 15:17
Roma - O "western spaghetti" volta aos seus tempos áureos nesta sexta-feira (4/1) em Roma. Quentin Tarantino recebe à noite um prêmio das mãos de Ennio Morricone e apresenta seu mais recente filme, Django livre, uma homenagem a esse gênero cinematográfico que fez sucesso nos anos 1960."Sempre gostei dos faroestes sob todas as suas formas, com uma queda pelos faroestes alemães. Mas meus preferidos são os ;westerns macaroni;, como se dizia nos Estados Unidos, por causa de seu surrealismo e de seu aspecto extremo", declarou o diretor de Pulp fiction, Kill Bill e Bastardos inglórios durante uma entrevista coletiva à imprensa.
O título de seu último filme é uma homenagem a Django, de Sergio Corbucci, exibido em 1966, e que teve como protagonista o belo tenebroso de olhos claros Franco Nero, que faz uma aparição em Django livre.
Entre Corbucci e Sergio Leone, grande mestre do gênero, Tarantino se recusa a dizer "quem é o melhor". "Leone estava para as epopeias gigantescas, incluindo esteticamente, enquanto Corbucci é mais simples e prolífico".
Ennio Morricone, compositor mundialmente conhecido por sua música lancinante de "Era uma vez no oeste" e de outros western espaguete de Sergio Leone, que entregará o prêmio prix, concedido pelo Festival Internacional do Filme de Roma.
"O olhar de Quentin Tarantino influenciou radicalmente o imaginário dos últimos vinte anos. É um cineasta profundamente americano e ao mesmo tempo europeu, por seu modo de estabelecer com o cinema e sua história uma ligação ao mesmo tempo analítica e passional", explica Marco Müller, diretor deste festival, ao anunciar a entrega do prêmio.
O filme conta a história de um caçador de recompensas (Christoph Waltz) que liberta um escravo (Jamie Foxx) e se alia a ele para libertar sua mulher (Kerry Washington) das mãos de um terrível proprietário de plantações (Leonardo DiCaprio).
Ele despertou polêmica nos Estados Unidos, onde o diretor afro-americano Spike Lee afirmou que não assistiria o filme "por respeito a seus ancestrais ". "A escravidão americana não foi um faroeste espaguete de Sergio Leone. Foi um holocausto", criticou.
Durante a coletiva de imprensa, Tarantino declarou que "não queria perder tempo" respondendo a Spike Lee. "Nós apenas buscamos fazer um filme sobre este tema da melhor maneira possível, mas esperávamos que pudesse ser atacado", disse. Segundo ele, o personagem escravo "compreende o mundo de violência e racismo nos Estados Unidos, e não com a razão, mas com coragem, instinto e violência".
O filme será lançado em 500 cinemas na Itália em 17 de janeiro e estreia nas salas brasileiras no dia 18