postado em 06/01/2013 07:00
%u201CChama-se celebridade um débil mental que foi à televisão%u201D. Assim decretou o humorista Millôr Fernandes. O recém-lançado Breve história da celebridade, do britânico Fred Inglis, tenta provar o contrário. A intrincada tese proposta por Inglis, um dos mais reconhecidos professores de estudos culturais no meio acadêmico, recorre à história para defender a relevância social do fenômeno por trás das celebridades. O argumento inicial mostra que o culto às figuras públicas não reflete uma demanda exclusiva dos tempos pós-modernos. Pelo contrário.
%u201CAs celebridades, mesmo que com outro nome, estão conosco há 250 anos. Não foi algo inventado pelos iníquos publicitários de uns meros dez anos para cá%u201D, defende o autor em comunicado divulgado para a imprensa. Assim, o ponto de partida da obra é a longínqua Londres do século 18 %u2014 a primeira cidade realmente conhecida do mundo moderno, de onde surgiram as primeiras personalidades vítimas de adoração popular, como o poeta Lord Byron, um dos expoentes do romantismo, grande adepto de extravagâncias. Graças a elas, o inglês motivou a curiosidade do povo e acabou tendo a vida pessoal exposta. As dívidas, separações, amantes e supostos incestos renderam um vasto e instigante falatório pelas ruas londrinas e elevaram Bryon a um protagonismo social inédito.