Diversão e Arte

Alfred Hitchcock reafirma a originalidade ímpar do mestre do suspense

Ricardo Daehn
postado em 07/01/2013 07:59

;Elas pagam para serem assustadas.; A partir desse conceito objetivo e simples, quando o tema era a massa de espectadores, Alfred Hitchcock desenvolveu o drama ; ;a vida sem as partes chatas;, como definia ; e, com maior fartura, a sobreposição de mistério que tanto inquietava o fiel público. ;Cinema não é simplesmente pegar câmeras portáteis e filmar qualquer coisa;, pondera Joe Carnahan, diretor de Narc, ao analisar a excelência do mestre do suspense, num dos extras da suntuosa caixa formada por 14 títulos (em blu-ray) do inglês que, sem exageros, ajudou a fundar a linguagem do cinema. A incipiente sétima arte cresceu sob o promissor e duradouro (foram mais de 50 anos) compromisso de Hitchcock com a inventividade.

Sujeito a críticas, uma das mais ferrenhas ligadas ao teor ;imoral; colado à trama do fotógrafo voyeur de Janela indiscreta, rebatia com a característica fleuma: ;Ele (o personagem) era um observador. Mas não somos todos nós?;. Limites, pelo que julga o colega de ofício William Friedkin (O exorcista), só teve espaço no cinema do ;mestre do humor; por causa dos ;códigos de classificação da censura;. Com muitas safadezas nos diálogos de Trama macabra (o derradeiro filme, de 1976), o bonachão ainda podia plantar risos nervosos e rubor, aos 73 anos, pelas extravagâncias reservadas ao destrato de um corpo afundado em saco de batatas, no tenso Frenesi (1972), que marcou o retorno dele ao set inglês.

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