A combinação entre paciência, humildade, curiosidade e respeito sempre foi a base para preparar o que o fotojornalista espanhol Enrique Meneses entendia por jornalismo. Apoiado nessas noções, ele cobriu alguns dos mais importantes momentos do século 20 e ficou célebre por trazer de Cuba as primeiras imagens da revolução orquestrada por Fidel Castro e Che Guevara. Morto no domingo, aos 84 anos, no Hospital La Paz, em Madri, Meneses foi figura emblemática no jornalismo mundial. Viveu duas eras da informação ; a do impresso e a do mundo digital ; e nunca deixou que os meios turvassem as mensagens. Dos filmes transportados clandestinamente, sob a saia de uma moça que deixava Cuba em direção aos Estados Unidos, ao blog sobre a atualidade na Espanha em crise, Meneses encarava a notícia com urgência e voracidade.
Foi pelas fotografias do espanhol que os rostos de Fidel Castro e Che Guevara se tornaram os símbolos da revolução comunista latino-americana. Entre 1957 e 1958, o fotógrafo acompanhou a dupla revolucionária pelos labirintos da Sierra Maestra e saiu de lá com mais de 2.000 imagens que revelariam ao mundo como viviam os homens que mudariam a realidade cubana. O material rendeu três edições da revista Paris-Match, em 1958, e os livros Fidel Castro (1966) e Castro, empieza la revolución (1995). A publicação francesa, para a qual o jornalista trabalhou durante as décadas de 1950 e 1960, foi pioneira no fotojornalismo europeu e tinha em Meneses um de seus mais importantes correspondentes em locais como Oriente Médio, Índia e Cuba. Entre as coberturas célebres, está também o material produzido sobre a marcha comandada por Martin Luther King, em Washington, em 1963. De lá, saíram fotos de atores como Paul Newman, Marlon Brando e Charlton Heston, que percorreram o mundo na divulgação da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos.