Diversão e Arte

Editora lança Retratos parienses que reúne entrevistas de Rubem Braga

Severino Francisco
postado em 10/01/2013 08:12

Rubem Braga conquistou a fama de mal-humorado e hostil a jornalistas e a fãs invasivos. Ele mesmo cultivou, esmeradamente, a lenda. Parecia que em sua testa havia uma placa com o seguinte aviso: ;Cuidado, cronista feroz, não chegue perto. Ele morde principalmente jornalistas curiosos e intelectuais pernósticos;. No entanto, era um delicado, um cacto por fora e uma flor por dentro, como definiu um dos amigos. Por isso, não surpreende que em Retratos parisienses: 31 crônicas (1949-1952), Braga recuse o tempo inteiro a identidade convencional do jornalista de gravador ou caderninho em punho a taquigrafar cada suspiro do entrevistado: ;Sou o pior jornalista do mundo;, anota Braga durante a entrevista com o pintor Pablo Picasso: ;Ser jornalista é, sobretudo, fazer perguntas e, na verdade, eu não tinha nenhuma pergunta que lhe pudesse fazer.;

Como nota, agudamente, Augusto Massi na apresentação do livro, Braga dissimula esse pudor em ser um jornalista com o pretexto de fazer uma ;visita; informal, despretensiosa e gratuita aos entrevistados. Mas a força desses retratos parisienses emana precisamente da liberdade com que Braga compõe os seus textos em uma mixagem de diário de viagem, conversa, informações, impressões e divagações pessoais. Com isso, manda às favas as regras da chamada objetividade jornalística. Nem por isso menos reveladoras dos personagens perfilados.

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