Guimarães Rosa recomendava aos escritores: "Façam pirâmides, não façam biscoitos". Mas até Rosa se rendeu aos biscoitos finos que Braga fabricou na cozinha dos jornais, para o dia seguinte, em dramática contagem regressiva contra os ponteiros do relógio: "Sempre escrevi para ser publicado no dia seguinte. Como o marido que tem que dormir com a esposa: pode estar achando gostoso, mas é uma obrigação. Sou uma máquina de escrever com algum uso, mas em bom estado de funcionamento", escreveu Braga, respondendo a uma entrevista realizada por Fernando Sabino.
[SAIBAMAIS]O próprio Braga definia desta maneira a sua atividade de cronista de jornal: "Há homens que são escritores e fazem livros que são verdadeiras casas, e ficam. Mas o cronista de jornal é como o cigano que toda noite arma sua tenda e pela manhã a desmancha, e vai". Solitária e despretensiosamente, ele realizou uma pequena revolução moderna na crônica jornalística, ampliando os limites do gênero.