Mariana Ianelli lançou, em dezembro último, O amor e depois (Editora Iluminuras). A jovem poeta paulistana prossegue onde muitos ainda estão começando ou nem sequer começaram. Este é o sétimo livro de uma carreira inaugurada aos 20 anos, com Trajetória do antes (1999), e solidificada pela sucessão de trabalhos destacados. Mariana é mestre em literatura e crítica literária, veiculando seus textos em periódicos especializados.
Nos dias que correm, as palavras, sem alçar voo, são apreendidas pela internet, pelas redes sociais, e atravessam muitas vezes a Terra antes que um canto de ave se esgote. Essa é a velocidade que abre espaço, mesmo em poesia, a diferentes expressões, todas aceitas e legítimas dentro de um padrão contemporâneo. Mariana Ianelli detém, com determinação e perícia, uma dessas vozes. E não receia explorar o idioma para dizer ; a seu modo ; o que percebe e sente neste mundo que nos acolhe ou aprisiona, sem ceder à quase incomunicabilidade da metalinguagem extrema, a modelos fugazmente consagrados por grupos ou a esquisitices provisórias do universo literário.
Em O amor e depois, volta à cena o confronto entre eros, chronos e thanatos. O amor, o tempo e, com eles, a morte, essa permanente e soberana ameaça que a poesia combate. Utilizando as armas da linguagem, e sem temer a ocupação dos territórios poéticos que almeja, Mariana entra em campo e, ao longo dos 41 poemas reunidos, oferece seu lirismo com a firmeza dos que acreditam na comoção e no homem enquanto destinatário único da poesia.