postado em 25/01/2013 07:05
A trajetória de Henrique George Mautner daria um livro, um filme, uma peça de teatro, um poema longo ou uma compilação de vários discos de vinil. De certa forma, o brasileiro autor de Maracatu atômico, Jorge Mautner, é tudo isso ao longo da atuação como cantor, compositor, instrumentista, escritor e poeta brasileiro. Essa multiplicidade, no entanto, foi resumida em Jorge Mautner ; O filho do holocausto, documentário musical sobre o artista brasileiro considerado vanguardista e maldito, dirigido pelo apresentador do Big Brother Brasil, Pedro Bial, e pelo músico Heitor D;Allincourt. ;Na minha época, não ser considerado maldito era pejorativo. Todos os bons poetas eram malditos;, recorda Mautner, 72 anos.
A cinebiografia chega aos cinemas em 1; de fevereiro, mas o trio iniciou a maratona de lançamento comercial em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro. Na tela, a vida como uma leitura do livro de memórias O filho do holocausto, escrito por Mautner. As histórias do biografado e do biógrafo se aproximam com o depoimento em alemão concedido por Suzane Bial, mãe de Pedro Bial, também refugiada no Brasil após a ascensão de Hittler, assim como os pais de Mautner. ;Suzane é essencial para o filme. Logo após a chegada, ela escreveu um livro chamado Muito além de imigrante, eu pedi para ela reeditar porque é muito intenso o que ela tem a dizer sobre a tomada de poder pelo Hitler;, define Mautner.
Dados biográficos de Jorge Mautner
Lampejos de uma vida
Nasce em 17 de janeiro de 1941, no Rio de Janeiro, um mês depois da chegada dos pais, Anna Illichi, iugoslava e católica e de Paul Mautner, judeu austríaco ao Brasil. Ambos saíram da Europa, fugindo do holocausto;
O menino Jorge é levado pela babá Lúcia a vivenciar os rituais do candomblé;
Após o divórcio dos pais, Jorge aprende a tocar violino com o padrasto, o violinista alemão, Henri Müler. A família muda-se para São Paulo;
Com 15 anos, começa a escrever o primeiro livro, Deus da chuva e da morte, publicado em 1965 e vencedor do Prêmio Jabuti;
Em 1966, vigiado pela ditadura, Mautner foi viver nos Estados Unidos, acompanhado da mulher, Ruth Mendes, trabalhando como tradutor de livros brasileiros na Unesco;
No mesmo ano, lança o compacto Não, não, não, pela RCA Victor;
Em 1970, muda-se com Ruth para Londres, onde se reúne a Caetano Veloso e Gilberto Gil para as filmagens do curta-metragem O demiurgo. Outra participação de Mautner no cinema foi a escrita do roteiro de O jardim de guerra, de Neville D;Almeida, censurado pela ditadura;
Maracatu atômico, a composição mais conhecida de Mautner, é lançada no álbum que leva seu nome, Jorge Mautner, de 1974. A inclusão da música na participação do Brasil no encerramento as Olimpíadas de Londres 2012 rendeu o posto de consultor de assuntos culturais do Ministério dos Esportes para Mautner