Muitos viram na mudança de Quick sinais de insanidade mental.
Mas ele não cedeu. Preso voluntariamente no subterrâneo, escrevia por cerca de 10 horas
diárias. Saiu da escuridão com um romance pronto em 2008,
O lado bom da vida
, logo bem resenhado pela crítica, posicionado nas alturas
em listas de vendas e comprado para uma adaptação cinematográfica. Em entrevista, ele dá
detalhes do seu método de criação, defende a escrita como um ato simultâneo de exposição
e confinamento e elogia o filme de David O. Russell.
Confira trecho da entrevista
O
personagem principal do livro guarda semelhanças com a época em que você começou a
escrever o livro. Vê algo de autobiografia no romance?
Enfatizo que o
livro é ficção e que nunca planejei escrever uma memória velada ou algo do tipo. Mas, em
retrospectiva, quando me analiso, noto que Pat e eu compartilhamos algumas particularidades
na época em que escrevi o livro. Eu havia abandonado uma vida muito boa, típica do sonho
americano ; largando uma posição segura de professor num incrível colégio de ensino médio e
vendendo minha casa ;, por uma chance de escrever de maneira integral, enquanto vivia com
meus sogros. Dizer às pessoas que você vai escrever durante três anos num porão, sem receber
pagamento, não é uma coisa fácil de se fazer. A maioria ficou com medo de que eu estivesse
mentalmente desequilibrado ; e muitas me disseram exatamente isso. Pat tem uma visão
otimista do mundo. Ele pensa que, se ele conseguir se superar, trabalhar duro, e acreditar
de todo coração, a vida vai mudar para melhor. As pessoas o punem por ter fé. As pessoas me
puniram por ousar acreditar em algo que elas achavam impossível ; principalmente me tornar
um autor de ficção em tempo integral.
Como foi tentar criar uma história
otimista sobre um personagem que se sente perdido, sem parecer positivo ou negativo
demais em relação ao futuro dele?
Minha cabeça trabalha como a de Pat.
Nunca fui diagnosticado como bipolar, mas conheço intimamente os altos e baixos da vida.
Gosto de pessoas diferentes. Não sou uma pessoa que participa de tudo. Sou um deslocado.
Quando dava aula, secretamente, gostava mais dos alunos que eram tachados de estranhos pelos
colegas. Eles eram, de longe, os mais interessantes. Acho que muitas pessoas passam suas
vidas tentando se misturar e, fazendo isso frequentemente, escondem as melhores partes de
suas personalidades. Sempre que crio um personagem, tento iluminar o que faz dele diferente
de todas as pessoas do mundo. Geralmente, é isso também o que faz dele um personagem
incrível.