Figura bem-humorada e de simplicidade verdadeira, em sintonia com suas películas, o diretor argentino Daniel Burman esteve em Brasília convidado pelo Itamaraty para ministrar oficinas de roteiro na Universidade de Brasília. Na última terça-feira, comentou temas além de sua obra, como a importância de leis de fomento, a potência de uma boa atuação e como é um péssimo debatedor diante de alguns assuntos. ;Ir ao cinema comigo deve ser decepcionante. Comida, sexo e cinema; não há muito o que conversar depois (risos);.
Observador por natureza e ofício, aos 39 anos, Burman é hoje nome central do novo cinema argentino. Vencedor do Urso de Prata em 2004, com O abraço partido (ele sugere como ponto de partida para quem quiser conhecer seu trabalho), o diretor busca reproduzir a dinâmica da realidade na ficção, como nos seus As leis de família (2006), Ninho vazio (2008) e Dois irmãos (2010). A partir de diálogos bem construídos e senso de intimidade que o aproxima de Woody Allen, uma de suas principais influências, interessa-se por personagens não excêntricos, com olhar focado na complexidade das relações familiares.