Os versos da letra da música de um artista esquecido pelo tempo, o cantor e compositor capixaba Sérgio Sampaio, abre caminhos infinitos de interpretação. ;Eu tenho medo de polícia, de bandido, de cachorro e de dentista/Porque polícia quando chega vai batendo em quem não tem nada com isso/ Porque bandido quase sempre quando atira não acerta no que mira/ Porque cachorro quando ataca pode às vezes atacar o seu amigo;. Na segunda metade, Sampaio muda as combinações e brinca com as funções de cada um dos personagens.
Combinar é mais ou menos o que fizeram os artistas plásticos Fernando Aquino, Jackson Marinho, Márcio H. Mota e Mateus Costa na exposição homônima Polícia bandido cachorro dentista, aberta à visitação no Espaço Piloto, na UnB. Utilizando materiais desprezados, encontrados no campus, o quarteto ressignifica objetos considerados sem utilidade por alguém. ;É a nossa forma de trabalhar, a forma combinatória. A exposição toda é quase uma instalação, com combinação de elementos, pinturas, desenhos e materiais apropriados da rua. Estamos usando a materialidade desses objetos, com certa escritura já existente neles, para montar uma estética de organicidade, o diálogo do ateliê com o que já era a vida. Estética orgânica;, define Mota.