postado em 20/02/2013 17:04
Rio de Janeiro - O mercado audiovisual brasileiro vive atualmente uma conjuntura favorável à produção independente, mas as oportunidades requerem maior aperfeiçoamento e visão empresarial das produtoras, avaliaram nesta quarta-feira (20/2), em uma apresentação no evento Rio Content Market, os conselheiros da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de TV (ABPITV).Presidente do conselho federal da associação, o cineasta Marco Alberg diz que o crescimento da TV por assinatura, com o aumento da classe média e o maior espaço com a cota de programação nacional estabelecida pela Lei da TV Paga, abrem uma janela para as produtoras e caberá a elas aproveitar a chance. "Precisamos desenvolver melhores roteiros, projetos e modelos de gestão e o empresário também precisa ser melhor e buscar eficiência".
Quatro pontos foram enumerados como fundamentais para esse aperfeiçoamento: a consciência de que todo conteúdo deve ser pensado para várias plataformas, o empreendedorismo, a formação de parcerias e a regionalização como uma forma de gerar produtos diferenciados.
A janela que se abre com o crescimento da TV fechada inverte um cenário que era desfavorável à produção independente, explicou o secretário geral da associação, Luiz Antonio Silveira. "O modelo de negócio dos canais abertos era uma dificuldade, porque eles produziam o próprio conteúdo e eram financiados apenas por publicidade".
Nesse contexto, a ABPITV voltou a defender a Lei da TV Paga, que enfrenta uma ação de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal por obrigar os canais que exibem filmes, séries e shows no horário nobre a reservarem duas horas e meia por semana para programação brasileira, sendo metade desse tempo para produtoras independentes.
Para Marco Alberg, além de incentivar as produtoras, a lei é boa para o consumidor. "Ela promove um barateamento do acesso à assinatura, com o aumento do número de players. A entrada das teles criou uma oferta maior e uma possibilidade de se abrir mais canais brasileiros".
Outro caminho que precisa ser perseguido pelas produtoras, para o conselheiro fiscal da ABPITV, Belisário Franca, é a formação de uma identidade audiovisual brasileira. "Pela primeira vez temos a oportunidade de começar uma produção audiovisual brasileira. Está na hora de construirmos de fato uma TV que se diferencie das emissoras internacionais que tiveram êxito, como a americana, a britânica e a francesa". O conselheiro comparou a TV à música e disse que o objetivo das produtoras deve ser construir um produto nacional com uma identidade tão forte quanto a da MPB.
Se internamente o crescimento é favorecido pela estabilidade econômica e a expansão da TV fechada, a exportação de conteúdo brasileiro poderia se beneficiar do cenário economicamente ruim em países desenvolvidos, defendeu o vice-presidente da associação, Kiko Mistrorigo.