O produtor musical Alessandro Soares ficou encucado quando dois mestres do violão brasileiro lhe falaram sobre um pernambucano chamado Lalão. Primeiro foi Guinga, em 2000. Depois, em 2007, o comentário partiu de Yamandu Costa. Nesse intervalo, o produtor recifense, morador de Brasília há 15 anos, já havia procurado o conterrâneo na cidade natal, mas, com esta alcunha, só encontrara um guitarrista de banda de baile. Depois do toque de Yamandu, ele retomou a busca. Ficou surpreso quando finalmente descobriu que Lalão era o tal tocador de guitarra que ganhava a vida com covers de rock e sucessos do passado. Era na intimidade, contudo, que o artista executava ao violão os choros e valsas que impressionaram Guinga e Yamandu.
Lalão, apelido de infância de Esdras Mariano Rodrigues, morreu no último 16 de fevereiro, um sábado pós-carnaval. Foi vítima de um infarto, aos 57 anos. Mas Alessandro Soares teve a oportunidade de registrar em estúdio algumas das composições do violonista autodidata ; um gênio escondido, segundo alguns dos maiores instrumentistas da atualidade. O material, inédito, gravado em cinco sessões em 2008 e em 2011, deve virar disco ainda este ano. O produtor está em busca de patrocínio.
O álbum póstumo será o primeiro do artista pernambucano. O nome provisório é Bamba Lalão, uma sugestão do amigo e admirador Guinga. Alessandro elogia a força do violão e das composições do artista, e lamenta que a morte repentina tenha lhe tirado a oportunidade de apreciar o trabalho. ;Ele é herdeiro de Garoto, Canhoto da Paraíba e João Pernambuco. Tinha a riqueza harmônica do primeiro, com a linha melódica do segundo, mas suas músicas tinham assinatura própria;, destaca o produtor, sobre os temas instrumentais. ;O Nordeste tem uma contribuição peculiar para o violão brasileiro.;
Ouça a gravação inédita da faixa Matutinho
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