Diversão e Arte

Stéphane Hessel deixa uma história de vida que tem como marca a liberdade

Hessel morreu na madrugada de terça-feira, em Paris, aos 95 anos

Nahima Maciel
postado em 28/02/2013 08:42

Hessel morreu na madrugada de terça-feira, em Paris, aos 95 anos

O século 21 começou muito mal. As Torres Gêmeas foram abatidas pelo terrorismo, a ganância da especulação financeira desencadeou crises em todos os continentes, a guerra ressurgiu com força em algumas regiões, os imigrantes são cada mais destratados e a desigualdade que separa os mais ricos dos mais pobres segue crescendo. Nascido em Berlim, em 1917 e naturalizado francês em 1939, Stéphane Hessel viu o novo século surgir com bastante apreensão, mas nunca deixou morrer a crença na ideia de que a humanidade encontraria um caminho. Era preciso, apenas, indignar-se. ;As sociedades estão perdidas, se perguntam o que fazer para se reencontrar e buscam um sentido para a aventura humana;, disse o diplomata ao jornal espanhol El País quando lançou Indignai-vos, o livro que serviu de guia para os movimentos que levaram espanhóis e gregos às ruas em maio de 2011.

Último dos resistentes franceses contra a ocupação nazista e um dos redatores da Delcaração dos Direitos Humanos, Hessel morreu na madrugada de ontem, em Paris, aos 95 anos, mas sua capacidade de indignação contaminou o mundo. ;Ele nos deixa uma lição: não se resignar diante de uma injustiça;, escreveu François Hollande, presidente da França, em comunicado de pesar. Nas redes sociais, a morte do intelectual provocou a reação de vários representantes da classe política francesa. O prefeito de Paris, Bertrand Delano;, classificou o diplomata como ;um humanista autêntico, um resistente indomável e um pensador generoso.; Eva Joly, que foi candidata a presidência da França pelo partido Europa-Ecologia ; Os verdes, lembrou que ;a indignação não morre nunca;.



Hessel atravessou um século de história, o suficiente, ele costumava lembrar, para se indignar bastante. Filho de judeus convertidos para o luteranismo que imigraram rumo à França em 1925, para fugir do ascendente nazismo alemão, ele lutou contra a ocupação, foi preso pela Gestapo após retornar da Inglaterra para encontrar Charles de Gaulle, em plena Segunda Guerra, e passou por três campos de concentração. Chegou ao primeiro, Buchenwald, com uma condenação de morte como punição pela espionagem. Os nazistas não sabiam do passado judeu de Hessel e ele foi tratado como um espião. Esperto, conseguiu trocar de indentidade com um morto e acabou livre da sentença. Fugiu do campo duas vezes, foi recapturado em uma delas e conseguiu escapar de novo para se juntar aos aliados nos últimos meses da guerra para lutar pela libertação da França.

Hessel morreu na madrugada de terça-feira, em Paris, aos 95 anos

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