Severino Francisco
postado em 11/03/2013 06:00
O mais importante artista plástico de Brasília não tem um espaço digno para abrigar o seu acervo. A Fundação Athos Bulcão foi expulsa das salas que ocupava em um prédio do Setor de Autarquias Norte, recebeu a doação simbólica de um terreno no Eixo Monumental (ao lado do Centro de Convenções), tem um projeto do arquiteto Lelé Filgueiras para a nova sede, mas tudo está engavetado na burocracia. Nem por isso a fundação parou de funcionar. Ela produz o Festival de Teatro na Escola, o maior evento de arte educação do DF, e continua recebendo, na sala alugada na CLN 208, inúmeros grupos de escolas e visitantes estrangeiros interessados na obra de Athos Bulcão.
A Universidade Politécnica de Valência, na Espanha, tem uma cátedra sobre cerâmica e publicou um livro sobre azulejaria. Claro que Athos Bulcão é um dos destaques. Ele é um nome internacional: ;Quem estuda arquitetura no mundo pesquisa o trabalho de Athos Bulcão;, enfatiza Valéria Cabral, secretária executiva da Fundação Athos Bulcão: ;Os grandes arquitetos brasileiros, como é o caso de Arthur Casas e Tomaz Hue, sempre solicitam desenhos do Athos para inserir em projetos de restaurantes de Nova York ou de Paris. Há um interesse enorme na obra do Athos. Apesar de não termos uma sede como o Athos merece, os estrangeiros nos procuram muito para conhecer a obra ou para comprar produtos inspirados nos desenhos dele. Fizemos uma série especial de gravuras para que o presidente Lula desse de presente para representantes de governos estrangeiros;.
Labirintos do poder
A Fundação Athos Bulcão recebeu, em 2009, a doação simbólica de um terreno para a construção de sua sede no Eixo Monumental (ao lado do Centro de Convenções), com toda a pompa e a participação de parlamentares e representantes do Ministério da Cultura. Lelé Filgueiras desenhou um belíssimo projeto para a casa de Athos Bulcão. No entanto, tudo permanece emperrado na burocracia. Em 2010, a fundação foi surpreendida por uma liminar do Ministério Público estabelecendo o prazo de 10 dias para desocupar o prédio no Setor de Autarquias Norte. Em seguida, nova surpresa: a cobrança de mais de R$ 1,1 milhão pelo tempo em que ocupou o edifício.
A razão da cobrança é que a Fundação Athos Bulcão não conseguiu cumprir um acordo para a reformar o prédio e ter como contrapartida o uso do espaço pelo período de 20 anos. Chegou a encomendar o projeto arquitetônico e de cálculo estrutural. Com a pressão, a fundação alugou algumas salas em uma quadra comercial da Asa Norte para tocar os projetos e guardar o acervo da instituição.