As imagens são capazes de provocar reprovação e sentenças condenatórias, mas há pouco de feiura e muito de austeridade e devoção na prática da suspensão corporal. Com o cuidado de não ressaltar o chocante e focar na transcendência da dor, o fotógrafo Olivier Bo;ls acompanhou três sessões de suspensão em um espaço de quase 10 anos para realizar o ensaio Corpo além ; Além corpo. Em 2006, guiado pelo amigo e performer Araújo Paulucci, Bo;ls conheceu o norueguês Hoover, especialista em suspensão corporal, cujos conhecimentos anatômicos e fisiológicos permitem que suspenda uma pessoa no ar por ganchos de aço sem que a pele rasgue ou sofra graves lesões. Hoover esteve em Brasília três vezes na última década. Em uma garagem na W3 Sul e em uma chácara a 40km da cidade, ele pendurou oito pessoas. Cada uma delas esperou meses pelo norueguês. E cada uma é movida por um desejo diferente de experiência corporal.
A prática é uma espécie de performance polêmica no meio artístico e Bo;ls quis investigar os motivos que levam homens e mulheres a se dependurarem em ganchos de aço. O fotógrafo registrou as sessões com um olhar muito humano, sem pré-julgamentos e com a experiência de quem trabalhou anos na Índia em pesquisa sobre o ascetismo dos iogues. ;Para alguns, é uma experiência espiritual, para outros, é uma forma de se sentir vivo;, explica. ;Mas é sempre transcendental: você tem que transcender a dor.;