Eis a prova de que o cuidado com a palavra independe de acordo ortográfico, carreira profissional e das mutações da língua portuguesa ao longo dos anos. O livro Escrever melhor, assinado a quatro mãos por Dad Squarisi, colunista da seção Dicas de Português e editora de Opinião do Correio, e pela jornalista Arlete Salvador, ocupa a primeira posição entre os títulos de não ficção mais vendidos da Livraria Cultura ; e a terceira no geral, considerando todas as categorias. Sempre em tom de descontração, e procurando atingir diversos tipos de escritor ; de estudantes a empresários ;, o guia passa regras, dicas e ensinamentos sobre a arte de redigir um texto correto, agradável e, principalmente, que interesse o leitor. Este ano, a novidade é uma edição do livro em formato de bolso e a preço mais acessível (R$ 14,90).
Dad resume em seis pontos as qualidades de todo bom texto. Ele deve ser simples, natural, concreto, bem-humorado, gentil e obediente às regras da língua. Por extensão, a escrita deve ser também adequada ao público-alvo. ;O texto de hoje é moderno, rápido. Vai longe o tempo em que se floreava demais. Com o excesso de informação e a presença constante das redes sociais, ninguém mais tem tempo. A informação tem que ser ágil e bem dada;, define.
Confira trechos do livro
Estudantes, advogados, jornalistas, professores, juristas, executivos, médicos, enfim, profissionais para quem o ofício de escrever é parte essencial do dia-a-dia, editam os textos mesmo sem perceber. Releem o trabalho em busca de eventuais erros e chance de aperfeiçoamentos. Esse cuidado é edição empírica, quase intuitiva
Nossa intenção é ir além. Como identificar os principais defeitos? Eles são recorrentes e funcionam como bandeirolas vermelhas fincadas no meio das páginas. Quando os olhos se depararem com uma delas, é hora de pôr o facão ou o pé de cabra em ação.
Para começar, o editor deve prestar atenção a duas características do texto -- gramaticidade e inteligibilidade. Sim, senhor, lamentamos desiludi-lo, mas não há a menor possibilidade de alguém escrever bem sem o conhecimento básico das normas da língua.
A gramática é o esqueleto do texto. Ignorá-lo? Nem pensar. É como se o engenheiro civil desprezasse os cálculos estruturais na construção de um prédio. A obra desmoronará cedo ou tarde. Com o texto ocorre o mesmo. Se não estiver bem escrito, falhará no momento em que atingir o alvo (o leitor). Ou seja, deixará de transmitir a mensagem.