Caso raro de excelente intérprete masculino em um meio onde prevaleciam, de um lado, os compositores e, de outro, as grandes cantoras, Emílio Santiago desfrutou, durante quase 40 anos de carreira, de prestígio entre os críticos e entre um público, digamos, de gosto baseado em critérios mais rigorosos. Mas, para uma grande maioria, foi o cantor da Aquarela brasileira, série de discos que teve o primeiro volume lançado em 1988, pela Som Livre.
A fórmula de emendar em pot-pourris grandes sucessos da MPB foi certeira, a ponto de Aquarela brasileira chegar a sete volumes. Graças à versatilidade que o fazia transitar com facilidade por diversos gêneros, do pop ao samba, da bossa nova aos sambas-enredo, por sete anos, Emiílio ficou preso ao projeto, que lhe garantiu uma popularidade até então não experimentada ; embora tivesse, antes disso, 10 discos gravados.
O sucesso, na verdade, foi providencial. Chegou depois de um período de quatro anos sem gravar. O cantor, que desde que estreara em 1975, com um disco homônimo, vinha produzindo na ordem de um álbum ao ano, não conseguia espaço nas gravadoras depois de Tá na hora, de 1984, embora mantivesse o prestígio artístico. Outro dado curioso: Emílio raramente fazia sucesso com músicas inéditas (Nega, que integrou a trilha da novela O astro, em 1977, foi uma exceção).
Ouça abaixo a música Perfume Siamês:
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