Guiado por trecho da poesia de Fernando Pessoa, capaz de definir que ;a Terra é feita de céu;, o cineasta baiano André Luiz Oliveira, no percurso de feitura do longa Sagrado segredo, não tinha onde desembocar, a não ser noutra certeza do ilustre português: ;Tudo é verdade e caminho;. Acidentada, a ligação do diretor de Louco por cinema com Cristo ; personagem do filme e da encenação da via-crúcis em Planaltina (DF) ; não é das mais sensatas. ;Desde criança, sou tocado pelo fenômeno do Cristo. Sempre tive problemas com aquela figura humilhada, e, ao mesmo tempo, gigante;, reconhece. Mais de 20 anos depois do primeiro entusiasmo com a via sacra local, o diretor teve, na última quarta-feira, a receptividade mais efetiva do longa, com o lançamento da fita, em DVD, anos depois do ineditismo nas telas. O filme integrou a Mostra Brasília de 2008.
Mesmo com ;o maior amor e respeito pela imagem do Cristo;, André Luiz não podia desprezar a admiração pela liturgia, em paralelo, classificada de herética e que, por meio de seguidores, migrou para a Índia ; ;era um grupo que estava com a mensagem do Cristo vivo;. ;Quanto mais conservador é o cristão, maior é o mal entendido;, reflete um dos personagens que servem à trama de Oliveira. Ciente do ritmo lento adotado na obra ; sem recursos, em esquema de mutirão, ele administrou o ;filme mais barato e guerrilheiro; ;, André Luiz seguiu pela vocação de ver as posições pessoais perpetuadas em película. ;Meus filmes expressam como me sinto e, de certo modo, o personagem do Guilherme Reis, no filme, traz meu olhar. Como filmo pouco, tento colocar tudo o que tenho direito e o que vivi dentro das minhas histórias;, observa.