As pessoas grandes têm necessidade de explicações detalhadas. Portanto, principezinho, desculpo-me por elas e por mim, que prossigo a debulhar numericamente sua história. É preciso informá-las que, em 2013, O Pequeno Príncipe completa 70 anos desde a primeira edição original americana, lançada em 1943, única feita com Antoine de Saint-Exupéry ainda vivo. Esse livro de crianças continua atual e faz tanto sucesso porque também é de adultos.
Traduzido em 80 línguas, vende no Brasil mais de 300 mil exemplares por ano e figura entre os cinco títulos inesquecíveis dos brasileiros, à frente de Dom Casmurro e Crepúsculo, segundo pesquisa do Painel das Letras. Para quem compreende o significado da vida, diria Saint-Exupéry, os números não têm tanta importância. Então vamos à história de Nathalia Rio Preto.
Ela é tradutora e guarda uma dedicatória feita pelo pai, quando tinha apenas 9 anos, na capa de um antigo exemplar d;O Pequeno Príncipe. A inscrição diz: ;Nathalia, este livro é para você pensar, aprender a ver os grandes ensinamentos que as pequenas coisas podem nos dar. Como você hoje, que, pequenina, muito me ensina. Com carinho, te dedico este livro. Um beijo do papai, Clodoveu.;
Na época, perguntou ao pai o que era dedicar. ;Ele me explicou e sublinhou a palavra. Fiz igual ao príncipe.; Pouco depois, aos 13 anos, o pai morreu. Como seu personagem favorito, foi para um lugar muito longe e não pôde carregar o corpo, pois era muito pesado. Mesmo sendo grande como os adultos, aos 27 anos, Nathalia continua a se emocionar diante da dedicatória, único registro escrito que guarda do pai.