Quando se diz o nome Carlota Joaquina de Bourbon, da arrogante mulher de dom João VI, ele puxa, na memória, uma face: a de Marieta Severo, no filme ;A princesa do Brasi;l (1995), de Carla Camurati. A atriz, avessa a nostalgia, reconhece que foi momento especial da carreira. ;Tenho orgulho de ter feito o filme ao lado de Marco Nanini. Mas os méritos são da diretora;, observa. ;Carla venceu todas as adversidades. É um exemplo da capacidade do brasileiro de transformar dificuldades em criatividade;, garante, satisfeita pelo fato de o longa ser apontado, ainda hoje, como início do encontro entre público e cinema nacional.
Marieta Severo estará até maio, de volta às telas de cinema com ;Vendo ou alugo;, de Betse de Paula. É a história de bisavó, mãe e filha, que, depois de viver sem se preocupar com nada, têm de vender a casa para pagar dívidas.
É o 38; longa da atriz, em carreira iniciada em 1965. Que começou na tela grande, com o teatro e antes da televisão ; a primeira das 22 novelas é de 1966, foi ;O sheik de Agadir;. ;Foi ótimo ter feito os filmes, queria estar nos projetos, mas, em alguns deles, apenas estou no filme. Personagens expressivos não foram tantos assim;, observa. ;Com o tempo, fui ficando mais seletiva;, conta.
;O cinema fez parte da minha formação cultural. Sou de uma geração cuja cabeça foi feita pelo cinema;, afirma Marieta Severo. Criança, ela adorava as chanchadas. A escola era na mesma rua onde funcionava famoso cinema de arte do Rio de Janeiro (o Paisandu) e a atriz matou aulas para ir a sessões. Foi barrada, por não ter a idade exigida, ao tentar ver ;A fonte da donzela;, de Ingmar Bergman. Adolescente, viu, e ficou impressionada, com ;Deus e diabo na terra do sol;, de Glauber Rocha, e ;Vidas secas;, de Nelson Pereira dos Santos. Jovem, curtiu filmes de diretores cultuados, como Fellini, Luiz Bunuel, Lucchino Visconti e Antonioni, entre outros.