;Quando criei o filme, não pensei: ;Quero fazer algo contra o bullying;. Não me predispus a dar mensagens. Não cabe a um cineasta educar. Ele tem, na verdade, que ser sensível ao que passa a seu redor;, avalia o diretor mexicano Michel Franco, ao tratar do polêmico longa-metragem Depois de Lúcia. Aos 33 anos, Michel ficou cada vez mais intrigado com os efeitos das mudanças tecnológicas e sociais, indissociáveis a uma dose de pessimismo. ;Quando eu ia à escola, não existia internet nem celulares. Havia bullying, mas não com os extremos propagados pelos atuais aparatos de comunicação. Um dia desses, aliás, houve a notícia do suicídio de mais uma menina que sofria com o mal. No meu filme, não propus desmedida ficção nem exagerei. De modo triste, percebo que é a realidade;, comenta o diretor em entrevista exclusiva ao Correio. Há poucos dias apresentado em Brasília, o longa já terá lançamento em DVD, marcado para julho.
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Vencedor da mostra Um Certo Olhar, no último Festival de Cannes, Depois de Lúcia retrata a degeneração moral e ética dos colegas de classe da jovem Alejandra (Tessa Ia) que, órfã de mãe, deixou a cidade de Puerto Vallarta, rumo à capital mexicana, na companhia do desestruturado pai viúvo (Hernán Mendoza Gonzálo). ;Não podemos tiranizar o papel das ferramentas de comunicação, mas os adolescentes e grupos sociais se perdem em confusões dos usos. Os problemas atuais crescem de maneira muito rápida, muitas vezes, ligados a temas sexuais;, reforça. A boa repercussão e o barulho despertado com o filme pegaram Michel desprevenido.