Ricardo Daehn
postado em 01/05/2013 08:26
Em entrevista ao Correio, quatro meses antes de morrer (em 1996), Renato Russo fez uma análise concisa da adolescência, já distanciado do período de hormônios efervescentes e de grandes descobertas da vida: ;Alívio;. Juventude rimava com dificuldade. Num contrapeso, à frente da superprodução Somos tão jovens, o cineasta Antônio Carlos da Fontoura estava decidido a conservar o frescor, isento da percepção quase melancólica do astro do rock nacional, morto aos 36 anos: ;Não queria fazer um filme triste sobre uma pessoa doente;. Nessa outra vibração, o reverso ; de celebração exagerada de um mito, despontado no grupo Aborto Elétrico ; também poderia dar margem à armadilha. ;Eles (Renato, Fê e Flávio Lemos) não eram os reis do rock, eram moleques fazendo banda de garagem;, sublinha o diretor do filme, que chegará às telas na sexta-feira.Indissociável ao sucesso da Legião Urbana, uma cinebiografia de Renato Russo daria margem também à overdose de glórias. ;Eu podia fazer o filme do roqueiro famoso, viajando de avião e dando show pra 1 milhão de pessoas. Não quis fazer isso. Quis fazer como o Júnior criou o Renato Russo e como Brasília criou ele;, delimita. Lidar com o peso de um futuro ídolo ; à frente de multidão de admiradores ; contou com a habilidade e o bom senso do protagonista da fita, Thiago Mendonça. ;Preocupar-me com gestual ensaiado e com a legião de fãs, de modo anterior a meu trabalho, não seria saudável. Se ficasse muito preso a isso, eu ia medrar. Claro que foi uma responsabilidade muito grande, mas foi tudo muito natural. As entrevistas e os vídeos dele que vi foram organicamente absorvidos;, explica o ator.