Para quem tem a capacidade ouvir, o mundo dos surdos parece ser um mergulho no mar do silêncio, certo? Errado. A impressão é desfeita assim que a percussão do Surdodum inicia as batidas de tambores. Dezenove anos depois da formação do grupo, com maioria de integrantes surdos, o Surdodum está ampliando as possibilidades profissionais com a obtenção da carteira expedida pela Ordem dos Músicos do Brasil, após um exame realizado no último sábado.
Segundo a coordenadora da banda, a cantora Ana Lúcia Soares, esta é a primeira vez no mundo que um grupo de instrumentistas surdos recebe o mesmo reconhecimento de um músico ouvinte. ;O registro profissional confirma que os integrantes do Surdodum são músicos de verdade. Agora, ninguém mais pode duvidar de que um músico surdo é capaz de ser profissional;, argumenta a coordenadora. A opinião é partilhada pelo percussionista Clésio da Cruz, um dos integrantes mais antigos e autor do nome Surdodum. ;Muita gente acha que surdos não podem tocar. Agora, eu posso oficialmente provar o meu talento;, acredita Cruz.