O lançamento de um livro de verdadeira poesia é sempre motivo para celebração: já não há lugar para o poema em nosso tempo real, duro e global, movido a informação. Não se publica poesia porque os poetas estão em extinção. Ou será o contrário? Volta a Ítaca, que está sendo lançado pela parceria entre as editoras Lacre e Boca da Noite, é um livro que nos devolve o sonho helênico, matriz de todos os sonhos ocidentais, nos versos do brasileiro Virgilio Costa e nas gravuras da artista plástica grega Artemis Alcalay. Como diz o poeta Alexei Bueno em seu prefácio, o verso e o traço ganham ;uma simbiose perfeita e inarredável;.
A Grécia, seus deuses, mitos e heróis, inspiraram dezenas, talvez centenas de obras literárias, na prosa e na poesia. Boa parte delas centrada em Ulisses, em sua venturosa viagem de volta à ilha de Ítaca, enfrentando o mar bravio, os ciclopes, os dragões e o canto traiçoeiro das sereias. Os poemas de Volta a Ítaca cultuam esse universo não como pura evocação histórica, mas para falar de sentimentos e situações de nosso tempo.