O sertão é uma paisagem ampla. Mas na janela cinematográfica exibida no longa-metragem brasiliense Cru, dirigido por Jimi Figueiredo, o universo de uma cidade fictícia, Santa Cruz do Pedregal, fecha-se em ambiente microscópico na exposição de vida de personagens castigados pela passagem lenta do tempo. ;Era um pouco a vontade de trazer esse interior perdido. Remete a um Brasil que não existe mais. A globalização consumiu esse interior. Não só o linguajar, mas as expectativas de vida das pessoas que nele vivem;, observa o diretor estreante em longas.
Originalmente montada no teatro, em espetáculo homônimo, escrito e dirigido por Alexandre Ribondi, a adaptação cinematográfica contou com o mesmo elenco para a realização do longa. André Reis, Chico Sant;Anna, Sérgio Sartório, intérpretes de um lugar esquecido no sem-fim, levam para o cinema os personagens com quem conviviam em temporada no tablado.
Na transposição para a sala escura, a eloquência da travesti Frutinha, de André Reis, precisou ser diminuída gradualmente. ;O Ribondi sempre falou de uma personagem de Olhos D;Água, um homem que se assume como mulher. O desafio era não fazer um gay estereotipado e representar o Frutinha de maneira enxuta. No cinema, mais do que no teatro, não dá para manter expressões largas. Foi preciso contar tudo pelo olhar. Ela vai anunciando aos poucos tudo que vai acontecer;, acredita Reis.
Confira o trailer do filme
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