A origem da música Olhos nos olhos, clássico da fossa composto por Chico Buarque, pode não ter como fonte uma separação imaginária. A canção, sem tempo ou lugar, divaga sobre a regeneração amorosa: música de dor de cotovelo, belamente executada. O abismo prateado, filme inspirado nessa canção, está em cartaz no circuito comercial. O projeto oferecido ao cineasta Karim A;nouz, diretor de novos clássicos do cinema brasileiro ; Madame Satã (2002) e O céu de Suely (2006), desenha uma história propositalmente enxuta.
Como boa parte do cinema indie, este também é centrado na protagonista e nas pequenas ações que nos deixam intuir seus desejos, anseios e preocupações. O coração sem razão e os passos trôpegos da dentista Violeta (Alessandra Negrini) ; empurrada do abismo depois do abandono do marido, o engenheiro Djalma (Otto Jr.) ; são o fio condutor de uma história miúda. A trajetória errática da personagem, promovida a esmo pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro, funciona como cura para um mal de amor súbito.
