Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Corrosivo painel sobre a China contemporânea disputa Palma de Ouro

O longa-metragem chinês foi exibido para a imprensa na quinta-feira (16/5) e relata quatro histórias, entre elas uma sobre uma trabalhadora sexual em um bordel de luxo



[SAIBAMAIS] "Antes, em meus filmes eu tentava relatar a vida cotidiana. Neste eu tinha vontade de ir mais longe. Com o desenvolvimento fulgurante da sociedade chinesa, há muitas coisas que se tornam extremas. E quando digo extremo, digo violência", disse Jia Zhangke.

Quando as primeiras cenas do filme foram divulgadas há alguns dias no Youku - o Youtube chinês -, os internautas previram que o longa-metragem nunca será visto no país em consequência da censura do regime comunista.

Mas Jia afirma que "A Touch of Sin" poderá ser assistido nos cinemas chineses. "Recebi a autorização antes de viajar a Cannes. É uma boa notícia", afirmou o cineasta.

"Estamos entrando em uma era na qual você é seu próprio meio de divulgação. Há muitas decisões que são tomadas por meio do twitter", afirmou. O filme, parcialmente produzido com recursos chineses, foi aplaudido na sessão para a imprensa. Esta é a terceira participação do diretor em Cannes, onde nunca foi premiado.

"O que mais me interessa é que o filme seja assistido por muitas pessoas, que provoque discussões, que provoque reações. Esta seria a maior recompensa", concluiu.

Na mostra paralela Semana da Crítica o destaque desta sexta-feira foi o filme italiano "Salvo", de Fabio Grassadonia e Antonio Piazza.

O longa-metragem conta a história de um assassino da máfia, Salvo (interpretado pelo palestino Saleh Bakri), que deve matar Rita (Sara Serraioco), cega de nascimento, e que acompanha impotente o assassinato do irmão.

No momento em que Salvo deve matar Rita, algo acontece, Rita recupera a visão e o mafioso desiste do crime, o que une o destino de ambos para sempre.