Cannes ; O boulevard Croissete, que rasga a baía de Cannes, é dia e noite festa durante o festival de cinema. De um lado, despontam generosas sacadas de exclusivos prédios residenciais e hotéis luxuosos; do outro, grandes tendas dos badalados restaurantes e boates que se instalam sobre a areia da praia. Em ambas as calçadas, gente de todos os cantos do mundo vai e vem, disposta, sobretudo, a se divertir muito nos 12 dias do festival. A população do balneário, que triplica no mês de maio, em algum momento do dia, ou da noite, vai cruzar por algum pedaço dos 2 km do boulevard.
O trecho mais movimentado é, sem dúvida, o das proximidades do Velho Porto. Ali, Marlyn Monroe e Charles Chaplin se contam às dúzias. Outros clones de atores e de personagens célebres também são figurinhas fáceis, como Hannibal, Sharon Stone ou o pequeno Buda. Mesmo uma miniatura do motociclista Capitão América, personagem de Peter Fonda em Easy rider, pode ser visto com frequência, acelerando uma diminuta Harley Davidson. Neste trecho, chama atenção a claque de tietes que se forma em frente ao acesso ao tapete vermelho, por onde todas as estrelas adentram ao palácio dos festivais nas noites de exibição oficial dos filmes em competição. São cerca de 200 pessoas que chegam de várias partes da França com dias de antecedência, para garantir seu bom lugar ao sol, ou sob a chuva.
Destacam-se da numerosa massa de fãs, pois trazem pequenas e grandes escadas metálicas. É com elas que demarcam território próximo ao cordão de isolamento do tapete vermelho e, ao mesmo tempo, garantem um bom ponto de vista (algumas das escadas chegam a 2 metros de altura). À noite, quando forçosamente têm de abandonar o posto, deixam as escadas. Acorrentadas umas às outras, elas permanecem no canteiro central da Croissete, como um testemunho da idolatria de seus proprietários.