Quando decidiu fazer a série de pinturas sobre o que resta de Mata Atlântica em Minas Gerais, a pintora mineira Yara Tupinambá mobilizou uma assistente, o Ibama, os guias da região de floresta próxima a Timóteo, Governador Valadares, e a região da Serra do Cipó e rumou em direção ao mato. Passou 10 dias encampada com caderninhos, lápis e máquina fotográfica.
Desenhou adoidado, fotografou o que pôde e voltou para o ateliê, em Belo Horizonte, concentrada na missão de pintar três tipos de vegetação: a floresta, a mata e os campos rupestres. Todos muito diferentes, segundo a explicação da artista. Na floresta, a vegetação é fechada, não há flores, e o risco de se perder é grande. Na mata, o horizonte fica mais visível e as árvores são mais baixas, enquanto nos campos rupestres, tudo é muito rasteiro e as flores brotam de todos os lados. Durante um ano, Yara pintou as 14 telas da exposição Reservas ecológicas de Minas Gerais, em cartaz na galeria do Salão Nobre da Câmara dos Deputados. ;Burle Marx dizia que a região da Serra do Cipó era o jardim do Brasil;, lembra a artista.
Aos 81 anos, a mineira é movida por tintas e pincéis. Uma das últimas alunas vivas do pintor Alberto da Veiga Guignard, com o qual aprendeu o que chama de ;finesse; da pintura, e artista premiada pela Associação Brasileira dos Críticos de Arte (ABCA) pela trajetória, Yara tem um método de trabalho muito disciplinado: mantém o foco no tema escolhido até concluir o projeto. Uma série sobre festas populares levou dois anos para ser concluída, tempo necessário à pesquisa histórica, de campo e à confecção das telas.