Agência France-Presse
postado em 24/05/2013 15:31
CANNES - Com "The immigrant", apresentado nesta sexta-feira (24/5) em Cannes, o diretor americano James Gray se mantém em um gênero que o atrai, o melodrama, para tratar suas próprias origens e colocar no centro da história uma mulher, personagem luminosa interpretada de forma contundente por Marion Cotillard.
Após sua exibição à imprensa, o filme já era tratado por alguns como um possível merecedor da Palma de Ouro consensual ou, ao menos, de um prêmio de interpretação.
Nova York, 1921. Duas polonesas, Ewa (Marion Cotillard) e sua irmã Magda, chegam a Ellis Island, passagem obrigatória para os imigrantes. Magda sofre de tuberculose e é colocada em quarentena. Ewa, sozinha e desamparada, cai nas mãos do cafetão Bruno (Joaquin Phoenix, maravilhoso). Para salvar sua irmã, ela aceita se prostituir.
A chegada de Orlando (Jeremy Renner), ilusionista primo de Bruno, lhe dará esperança, mas sem contar com o ciúme de Bruno.
Gray alterna durante o filme cenas espetaculares e intimistas, de Ellis Island até o quarto de Ewa, das ruas de Nova York aos pequenos cabarés de Manhattan.
A cor das imagens se mantém em sépia, como nas velhas fotos de família que o diretor quis folhear com o espectador, e é tratada pelo diretor de fotografia Darius Khondji ("Amor", "Meia-noite em Paris").
Gray já havia abordado sua origem russa em seu primeiro filme "Little Odessa", em 1994. Em "The immigrant", ele se inspira em fotografias tiradas por seu próprio avô que chegou da Rússia em 1923 a Ellis Island, mas também nas pinturas, como as do americano George Bellows, conhecido por suas imagens realistas de Nova York no início do século XX, ou ainda pela ópera para "transmitir a sinceridade nas emoções".
Em defesa da imigração
O diretor tentou assim "basear sua história em acontecimentos reais". "A onda de imigração do início dos anos 20 foi, sobretudo, dos imigrantes do leste europeu. A porta se fechou em 1924", explicou à imprensa.
O filme se concentra no trio principal - Ewa, Bruno e Orlando - conduzindo-os inexoravelmente ao drama.
Ewa é uma mulher obstinada, habitada pela religião, que rejeita as raras escapatórias para não abandonar a sua irmã. Desta forma, seu horizonte se resume a Bruno, "manipulador, predador, mentiroso crônico que se revela realmente no final do filme", explica Gray, e a Orlando, igualmente evasivo, com quem ela poderia encontrar a salvação e o futuro.
Para James Gray, "ter uma heroína no centro da história permite explorar essas emoções grandiosas sem este componente grosseiro que constrói a virilidade da cultura ocidental". Ewa é "ao mesmo tempo uma vítima e alguém que controla seu destino", acrescentou o cineasta.
Gray não havia visto um filme de Marion Cotillard antes das filmagens, mesmo assim, muito antes de escrever o filme, pensava nela. "Seu rosto incrível me faz pensar em Renée Falconetti em ;A paixão de Joana d;Arc; de Dreyer", explica o diretor nos agradecimentos do filme.
Para a atriz, "o maior desafio" quanto a este filme foi falar polonês. "A linguagem faz parte de um todo. É verdade que eu gosto de criar meus personagens com seus próprios mecanismos, própria linguagem física e própria maneira de falar. Com o polonês, o modo de posicionar a voz é diferente do francês ou do inglês. Isso me ajudou a construir qualquer coisa que seja própria da personagem".
O diretor acabou por se mostrar à imprensa um defensor da imigração. Ela "enriquece a sociedade, ela não prejudica (...) Traz dinamismo à cultura", declarou o cineasta, que mora em Los Angeles e cita como exemplo as comunidades latino-americanas e asiáticas.
Após sua exibição à imprensa, o filme já era tratado por alguns como um possível merecedor da Palma de Ouro consensual ou, ao menos, de um prêmio de interpretação.
Nova York, 1921. Duas polonesas, Ewa (Marion Cotillard) e sua irmã Magda, chegam a Ellis Island, passagem obrigatória para os imigrantes. Magda sofre de tuberculose e é colocada em quarentena. Ewa, sozinha e desamparada, cai nas mãos do cafetão Bruno (Joaquin Phoenix, maravilhoso). Para salvar sua irmã, ela aceita se prostituir.
A chegada de Orlando (Jeremy Renner), ilusionista primo de Bruno, lhe dará esperança, mas sem contar com o ciúme de Bruno.
Gray alterna durante o filme cenas espetaculares e intimistas, de Ellis Island até o quarto de Ewa, das ruas de Nova York aos pequenos cabarés de Manhattan.
A cor das imagens se mantém em sépia, como nas velhas fotos de família que o diretor quis folhear com o espectador, e é tratada pelo diretor de fotografia Darius Khondji ("Amor", "Meia-noite em Paris").
Gray já havia abordado sua origem russa em seu primeiro filme "Little Odessa", em 1994. Em "The immigrant", ele se inspira em fotografias tiradas por seu próprio avô que chegou da Rússia em 1923 a Ellis Island, mas também nas pinturas, como as do americano George Bellows, conhecido por suas imagens realistas de Nova York no início do século XX, ou ainda pela ópera para "transmitir a sinceridade nas emoções".
Em defesa da imigração
O diretor tentou assim "basear sua história em acontecimentos reais". "A onda de imigração do início dos anos 20 foi, sobretudo, dos imigrantes do leste europeu. A porta se fechou em 1924", explicou à imprensa.
O filme se concentra no trio principal - Ewa, Bruno e Orlando - conduzindo-os inexoravelmente ao drama.
Ewa é uma mulher obstinada, habitada pela religião, que rejeita as raras escapatórias para não abandonar a sua irmã. Desta forma, seu horizonte se resume a Bruno, "manipulador, predador, mentiroso crônico que se revela realmente no final do filme", explica Gray, e a Orlando, igualmente evasivo, com quem ela poderia encontrar a salvação e o futuro.
Para James Gray, "ter uma heroína no centro da história permite explorar essas emoções grandiosas sem este componente grosseiro que constrói a virilidade da cultura ocidental". Ewa é "ao mesmo tempo uma vítima e alguém que controla seu destino", acrescentou o cineasta.
Gray não havia visto um filme de Marion Cotillard antes das filmagens, mesmo assim, muito antes de escrever o filme, pensava nela. "Seu rosto incrível me faz pensar em Renée Falconetti em ;A paixão de Joana d;Arc; de Dreyer", explica o diretor nos agradecimentos do filme.
Para a atriz, "o maior desafio" quanto a este filme foi falar polonês. "A linguagem faz parte de um todo. É verdade que eu gosto de criar meus personagens com seus próprios mecanismos, própria linguagem física e própria maneira de falar. Com o polonês, o modo de posicionar a voz é diferente do francês ou do inglês. Isso me ajudou a construir qualquer coisa que seja própria da personagem".
O diretor acabou por se mostrar à imprensa um defensor da imigração. Ela "enriquece a sociedade, ela não prejudica (...) Traz dinamismo à cultura", declarou o cineasta, que mora em Los Angeles e cita como exemplo as comunidades latino-americanas e asiáticas.